Vegetarianismo: o começo, as dúvidas, os dramas!
- comidadegrilo
- 16 de ago. de 2017
- 4 min de leitura

Olá grilos! O primeiro post é sempre o mais difícil de escrever. Faço uma grande introdução? Vou directa ao assunto? Afinal, ainda não nos conhecemos, não é verdade? Bom, comecemos então pelo princípio: como é que alguém toma a decisão de seguir uma dieta vegetariana.
COMEÇA-SE GATINHANDO...
Há três principais razões para alguém tomar a decisão de seguir uma dieta vegetariana: moral, ambiental e saúde. Muitas pessoas têm o espírito e vontade de o fazer mas não tem motivação pois não se imaginam a abdicar de coisas a que estiveram habituadas uma vida inteira. Eu fui esta pessoa por muitos anos. O que me movia, e ainda hoje move, era a questão moral e cada dentada que dava seguida de um "ohhhh" de olhos reluzentes ao ver um animal fofo me fazia sentir hipócrita. Mas nunca fui grande fãs de vegetais. Ainda hoje torço o nariz a saladas ou brócolos cozidos! No entanto apercebi-me que adorava aquele "entulho" da cebola e tomate do peixe assado que a minha mãe fazia, ou da cenoura e cogumelos de um bom bourgignon. Então, será que eu não gostava de legumes ou simplesmente não gostava quando eram confeccionados de forma desenxabida? Pensando bem, um bife cozido também não me soa lá muito delicioso. Comecei então a tentar fazer alguns pratos do meu dia-a-dia alterando a carne ou o peixe por um ingrediente e não mexendo no resto da receita. Experimentei os meu primeiros legumes à brás. Qual não foi o meu espanto quando o sabor era praticamente o mesmo e nem tinha que me preocupar com espinhas! Percebi que esse método tinha potencial.
Ainda assim não conseguia imaginar abdicar de uma picanha, de um cheeseburger! Pensei que não valia a pena, jamais seria vegetariana pois não conseguia imaginar "a última refeição de carne de todo o sempre". Até me deparar com este ideal:
Pareceu-me um óptima ideia e decidi experimentar durante um mês. Bom, cinco dias seguidos sem carne não me soava lá muito concretizável então troquei as voltas às ordens dos dias e fazia "3 vegetarianos, 1 normal, 2 vegetarianos, 1 normal". Apercebi-me que nos dois dias de "liberdade" acabava por comer refeições vegetarianas à mesma ou então peixe e que, ao contrário do que pensava, a coisa de que menos sentia falta era a carne.
É CAINDO QUE APRENDEMOS A ANDAR
Após esta experiência decidi dar o passo seguinte: deixar de comer carne, mas continuar a comer tudo o que o mar me dava. Não correu lá muito bem. Como estava convencida que sempre que comia pratos de peixe iria receber tudo aquilo de que o meu corpo precisava, acabava por me desleixar nas minhas refeições vegetarianas, sendo estas muito pobres. Andava cansada, com dores de cabeça. Decidi voltar aos meu hábitos alimentares normais para repor as energias mas cada vez mais me fazia confusão comer carne e tinha que conter as lágrimas enquanto o fazia. Não ia desistir assim tão facilmente! Tinha que voltar a tentar e tinha que fazer as coisas bem!
Bastou olhar para a roda dos alimentos com uns olhos mais atentos e uma breve pesquisa sobre os cuidados a ter numa alimentação vegetariana para sentir que estava pronta a embarcar de novo na aventura sendo que, desta vez, do mar só algas! Despachei o conteúdo do meu congelador para quem o quis, comi o meu último Big Mac e oficializei a coisa "a partir de hoje, sou vegetariana!".
SÓ TREINANDO SE CORRE A MARATONA
E se na altura decidi deixar de comer carne e pescado (digo pescado e não peixe pois não podemos discriminar o marisco) hoje ando, aos poucos, a tentar deixar os ovos, mel, leite e derivados. Tal como o processo anterior, este é um que leva tempo e alguma aprendizagem. Não me lembro da última vez que comprei um pacote de leite, de manteiga, de iogurte (de origem animal), no entanto ainda há filipinos e afins (produtos que levam leite) a entrar cá em casa.
Uma mudança gradual é a mais eficaz para mim e só ao dominar a arte de substituir algo de forma super saborosa é que me sinto pronta para uma mudança permanente.
Sem sequer tentar, apercebi-me que hoje gosto de muitas coisas que antes não gostava e que cada vez mais me estou a habituar ao sabor mais puro e original dos legumes. Quem sabe talvez um dia coma brócolos cozidos com um sorriso na cara!
Para os grilos que ainda se deliciam com as lagartas nas suas alfaces mas gostavam de o mudar o meu conselho é não tentem correr a maratona antes de aprenderem a andar. Mudem na vossa alimentação tanto quanto queiram, possam e consigam e se houver algo que vos custa muito a mudar então não o façam até se sentirem prontos. Entre não mudar nada ou mudar tudo com algumas excepções mais vale escolher o "mal melhor" e seguir a segunda opção. Não tenham medo de não encaixarem em nenhum grupo pois até para isso há um rótulo: flexitarianismo!